“Quem apela para a Constituição para afirmar e defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o respeito aos direitos dos outros”
É assim que os homossexuais militantes respeitam a
“diversidade”: ridicularizando o Papa Bento XVI e a eucaristia.
O portal de notícias da Globo, G1, reportou:
Fantasiado de “Bento 24″, José Roberto Fernandes, de 56
anos, conta que fez da parada [gay] oportunidade para um alerta. Entretanto, o
figurino adotado certamente chocaria a comunidade católica. Nas mãos, levou um
cálice que, além de fichas brancas que simbolizam hóstias, também possui
preservativos. Por onde passava, provocava a atenção do público que o cercava
para fotografá-lo.
“Faço um alerta à hipocrisia da Igreja Católica que proíbe a
camisinha. Não é um protesto, mas uma homenagem e um alerta à igreja”, afirmou
ele, que se disse católico praticante. Apesar da orientação da Igreja que
proíbe homossexuais de comungar, José Roberto afirmou que participa da
Eucaristia.
Vilipêndio religioso ainda é crime?
De acordo com o art. 208, do Código Penal, é crime
vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.
Por muito menos, em abril deste ano, a Federação Brasileira
de Umbanda entrou com um processo no Conar (Conselho Nacional de
auto-Regulamentação Publicitária) contra a Renault.
Os umbandistas se ofenderam por causa do comercial de TV que
mostrava mães de santo girando num salão de concessionária. A Federação também
deu entrada no Ministério Público Federal com um pedido de inquérito por “uso
indevido de símbolos religiosos”.
Dom Odílio Scherer, Arcebispo de São Paulo, se manifestou
sobre esse e outros fatos. Leia abaixo.
Parada Gay: respeitar e ser respeitado;
Eu não queria escrever sobre esse assunto; mas diante das
provocações e ofensas ostensivas à comunidade católica e cristã, durante a
Parada Gay deste último domingo, não posso deixar de me manifestar em defesa
das pessoas que tiveram seus sentimentos e convicções religiosas, seus símbolos
e convicções de fé ultrajados.
Ficamos entristecidos quando vemos usados com deboche
imagens de santos, deliberadamente associados a práticas que a moral cristã
desaprova e que os próprios santos desaprovariam também. Histórias romanceadas
ou fantasias criadas para fazer filmes sobre santos e personalidades que
honraram a fé cristã não podem servir de base para associá-los a práticas alheias
ao seu testemunho de vida. São Sebastião foi um mártir dos inícios do
Cristianismo; a tela produzida por um artista cerca de 15 séculos após a vida
do santo, não pode ser usada para passar uma suposta identidade homossexual do
corajoso mártir. Por que não falar, antes, que ele preferiu heroicamente sofrer
as torturas e a morte a ultrajar o bom nome e a dignidade de cristão e filho de
Deus?!
“Nem santo salva do vírus da AIDS”. Pois é verdade. O que
pode salvar mesmo é uma vida sexual regrada e digna. É o que a Igreja defende e
convida todos a fazer. O uso desrespeitoso da imagem dos santos populares é uma
ofensa aos próprios santos, que viveram dignamente; e ofende também os
sentimentos religiosos do povo. Ninguém gosta de ver vilipendiados os símbolos e
imagens de sua fé e seus sentimentos e convicções religiosas. Da mesma forma,
também é lamentável o uso desrespeitoso da Sagrada Escritura e das palavras de
Jesus – “amai-vos uns aos outros” – como se ele justificasse, aprovasse e
incentivasse qualquer forma de “amor”; o “mandamento novo” foi
instrumentalizado para justificar práticas contrárias ao ensinamento do próprio
Jesus.
A Igreja católica refuta a acusação de “homofóbica”.
Investiguem-se os fatos de violência contra homossexuais, para ver se estão
relacionados com grupos religiosos católicos. A Igreja Católica desaprova a
violência contra quem quer que seja; não apoia, não incentiva e não justifica a
violência contra homossexuais. E na história da luta contra o vírus HIV, a
Igreja foi pioneira no acolhimento e tratamento de soro-positivos, sem
questionar suas opções sexuais; muitos deles são homossexuais e todos são
acolhidos com profundo respeito. Grande parte das estruturas de tratamento de
aidéticos está ligada à Igreja. Mas ela ensina e defende que a melhor forma de
prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis é uma vida sexual
regrada e digna.
Quem apela para a Constituição Nacional para afirmar e
defender seus direitos, não deve esquecer que a mesma Constituição garante o
respeito aos direitos dos outros, aos seus símbolos e organizações religiosas.
Quem luta por reconhecimento e respeito, deve aprender a respeitar. Como
cristãos, respeitamos a livre manifestação de quem pensa diversamente de nós.
Mas o respeito às nossas convicções de fé e moral, às organizações religiosas,
símbolos e textos sagrados, é a contrapartida que se requer.
A Igreja Católica tem suas convicções e fala delas
abertamente, usando do direito de liberdade de pensamento e de expressão.
Embora respeitando as pessoas homossexuais e procurando acolhê-las e tratá-las
com respeito, compreensão e caridade, ela afirma que as práticas homossexuais
vão contra a natureza; essa não errou ao moldar o ser humano como homem e
mulher. Afirma ainda que a sexualidade não depende de “opção”, mas é um fato de
natureza e dom de Deus, com um significado próprio, que precisa ser reconhecido,
acolhido e vivido coerentemente pelo homem e pela mulher.
Causa preocupação a crescente ambiguidade e confusão em
relação à identidade sexual, que vai tomando conta da cultura. Antes de ser um
problema moral, é um problema antropológico, que merece uma séria reflexão, em
vez de um tratamento superficial e debochado, sob a pressão de organizações
interessadas em impor a todos um determinado pensamento sobre a identidade do
ser humano. Mais do que nunca, hoje todos concordam que o desrespeito às leis da
natureza biológica dos seres introduz neles a desordem e o descontrole nos
ecossistemas; produz doenças e desastres ambientais e compromete o futuro e a
sustentabilidade da vida. Ora, não seria o caso de fazer semelhante raciocínio,
quando se trata das leis inerentes à natureza e à identidade do ser humano?
Ignorar e desrespeitar o significado profundo da condição humana não terá
consequências? Será sustentável para o futuro da civilização e da humanidade?
As ofensas dirigidas não só à Igreja Católica, mas a tantos
outros grupos cristãos e tradições religiosas não são construtivas e não fazem
bem aos próprios homossexuais, criando condições para aumentar o fosso da
incompreensão e do preconceito contra eles. E não é isso que a Igreja Católica
deseja para eles, pois também os ama e tem uma boa nova para eles; e são filhos
muito amados pelo Pai do céu, que os chama a viver com dignidade e em paz
consigo mesmos e com os outros.
Publicado em
O SÃO PAULO , ed. de 28.06.2011
Card. Odilo P. Scherer Arcebispo de São Paulo
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