João Paulo II, beatificado em 1º de Maio, foi um dos mais importantes papas da Igreja. Poderia ser chamado de “Magno”, como Leão I (†461) e Gregório I (†604). Leão enfrentou os “bárbaros” e segurou a Civilização Ocidental que desabava na barbárie. Gregório soube conquistar e evangelizar os “bárbaros”, iniciando a reconstrução do Ocidente sob a luz de Cristo.
João Paulo II soube preparar a Igreja para a difícil caminhada do século XXI. Foi um verdadeiro profeta, qual novo Moisés, a conduzir o povo de Deus ao século XXI com a sabedoria de um grande mestre dos tempos atuais.
Foi um dos grandes personagens do século XX. Em 1994 foi escolhido como “Homem do Ano” pela revista “Time”. A revista disse na ocasião: “As pessoas que o veem – e são milhões sem conta – não o esquecem. Seu aspecto é capaz de produzir uma sensação eletrizante, que ninguém mais na terra pode igualar”.
Ao ser eleito papa, em 1978, o cardeal Stefan Wyszynski, primaz da Igreja na Polônia, lhe disse que uma de suas grandes tarefas seria preparar a Igreja para o novo milênio. E isto ele fez com grande sucesso.
Seu pontificado foi singular desde o início: um Papa polonês que chegou ao trono de Pedro após 455 anos de pontífices italianos. Seu caminho não foi fácil: uma vez eleito, enfrentou uma crise no catolicismo mergulhado em um Ocidente secularizado, onde o homem vive “como se Deus não existisse”. Mas com a força da fé e a eterna certeza da vitória de Cristo sobre o mal, ele soube enfrentar todos os desafios, propagando que a última palavra da História seria a vitória do bem.
Mesmo os que não compartilham a fé católica perceberam nesse homem alguém que viveu abnegadamente para um ideal nobre e que se interessou não só pela religião, mas por todas as questões relativas à dignidade do ser humano. Ele soube magnificamente integrar a fé com a história, Deus com o homem, sem oposição, traçando um nova era espiritual do mundo, nos cinco Continentes.
O Espírito Santo foi buscá-lo detrás da “Cortina de Ferro” comunista para fazer cair o “Muro da Vergonha”, de Berlim, e trazer a paz e a fé de volta a tantos países do Leste europeu: República Tcheca, Eslováquia, Rússia, Bulgária, Romênia, Polônia, Hungria e outros que voltaram a respirar a liberdade.
João Paulo foi um marco na história da Igreja e do mundo, não só pelos quase 27 anos de pontificado, mas pela sua santidade, cultura, amor ao ser humano, estadista, mestre da doutrina, arauto da paz, paladino da justiça entre os povos. E também “homem das dores”: foi baleado, protegido pela Virgem de Fátima, viveu a perseguição do comunismo e do nazismo, temperou sua fibra e sua fé no calor da perseguição à Igreja.
Soube falar ao mundo e com o mundo e revelou-lhe as suas chagas, apresentando o remédio de que precisava: Jesus Cristo. Em seu primeiro discurso como Papa pediu ao mundo: “Abri as portas a Jesus Cristo”, e fez disso o lema de seu pontificado.
João Paulo nos deixou uma herança religiosa que continuará sendo uma referência. Na base das suas convicções, está a idéia de que o cristianismo é “uma força libertadora da sociedade e do homem”. Na sua primeira encíclica, “Redemptor Hominis”, deu o tom do seu trabalho: Por Jesus Cristo salvar o homem e o mundo moderno.
Incansavelmente escreveu, viajou, rezou, acolheu peregrinos do mundo todo, socorreu os aflitos, confirmou os irmãos na fé e uniu a Igreja em torno dele. A veneração, admiração e a gratidão para com ele vieram de todas as partes do mundo. Fomos guiados por um Homem de Deus, que conquistou amor e respeito para além de qualquer barreira humana.
Ele foi o verdadeiro humanista experimentado de que o mundo precisava, o profundo conhecedor do pensamento filosófico, aquele que bebeu nas fontes da grande espiritualidade e que estava atento a todos os desenvolvimentos do pensamento contemporâneo.
Ele falava a um homem a quem conhece e, assim, o homem o reconhecia como o bom Pastor. Soube falar como pai às crianças e aos jovens; soube ensinar os casais e os homens públicos, os empresários e os pobres, os iletrados e os doutores, os incluídos e excluídos da sociedade, sem fomentar a luta de classes e a violência, chamando a todos ao amor do Cristo. E, sobretudo, soube mostrar aos sacerdotes que a missão sacerdotal é a máxima realização para um homem, realização altamente humana, porque divina.
O Senhor preparou um atleta para percorrer incansável as estradas do mundo – “antes que fosses formado no ventre de tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações” (Jr 1, 5).
Nesta hora em que o Céu o acolhe precisamos dizer: Obrigado Senhor, porque nos destes um grande Pai, Mestre e Pastor. Obrigado, Santidade, por nos ter feito compreender, com o seu “Totus tuus”, o poder da entrega de uma vida a Deus pelas mãos da Virgem Maria. Obrigado, “Doce Cristo na terra”, pelo sofrimento abraçado e oferecido a Deus por nós até o teu último dia.
Com todo o povo aclamamos: “Santo súbito!” Interceda pela Santa Igreja e por cada um de nós no céu sem cessar.
Prof. Felipe Aquino
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