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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ser ou não ser (líder): eis a questão!


Galera, o post é um pouquinho extenso, mas vale a pena ler!
Quem já não ouviu ou citou esta frase de Shakespeare? Ela sempre se refere A situações de escolha, mesmo que muitas vezes a usemos meio em tom de brincadeira a respeito de coisas nada filosóficas. No original, o Príncipe Hamlet olha uma caveira e diz ‘ser ou não ser, eis a questão’, indagando a si próprio sobre qual decisão tomar, qual escolha seguir, sabendo que sua vida e futuro dependiam dessa decisão.

Fazemos isso todo o tempo e vamos tecendo a trama de nossas vidas pelas escolhas que fazemos. Mesmo sabendo que as circunstâncias, a cultura e os muitos condicionamentos que carregamos influenciam nossas escolhas, jamais podemos tirar do ser humano a liberdade de optar. Enquanto houver consciência, a pessoa humana é capaz de escolher, sendo capaz de se sobrepor e de surpreender a quem está ao seu redor que apostava nesta ou naquela direção. E essa ‘surpresa’ pode ser tanto para o bem quanto para o mal.
A verdade, no entanto, é esta: fazemos e podemos fazer escolhas durante o transcurso de toda a nossa vida e elas começam no nosso interior, no ‘coração’, sede da vontade e da liberdade, se usarmos a noção bíblica do termo.
Mas, cabe aqui a pergunta: até que ponto podemos interferir nas escolhas de alguém? Como podermos formar, principalmente as crianças e os adolescentes, na direção de valores de caráter e de consciência que os torne menos joguetes de manipulações ideológicas? Como influenciar alguém para que seja capaz de pensar e, após conjugar dados interiores e exteriores, fazer escolhas livres, responsáveis e conscientes? Todo mundo sabe que aprendemos mais pelo exemplo e vendo alguém ser e fazer do que por mil palavras. Se pessoas são e foram espelho para nós, não nos esqueçamos que outros também observam as imagens que refletimos, como somos e fazemos, para além dos nossos discursos. A cadeia é contínua, assim como a vida, graças a Deus!
E aqui estamos falando de uma única palavra: do caráter de alguém. Caráter que se mescla indivisivelmente com coerência de vida e exercício de domínio do temperamento. Mas, como conseguir isso? Onde se escondem estes ETs, donos de si, pessoas que ‘fazem a diferença’, onde estão ? Segundo o diretor do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Liderança (European Center for Leadership Development), Alexandre Havard, estas pessoas são os líderes e investir na formação das lideranças é o segredo para se mudar a cultura e influenciá-la. Segundo ele, a liderança não é um dom privilegiado dado a alguns – mesmo que haja líderes mundiais únicos como Gandhi, Teresa de Calcutá e Luther King – mas é um exercício de vida vivida virtuosamente e, surpreendentemente, isso é para todos!
Mas o que são as virtudes? O autor nos responde: ‘as virtudes são qualidades da mente, da vontade e do coração. Nós as adquirimos com nossos esforços. O ato próprio para adquiri-las é um ato de liderança. O caráter não é o temperamento. O temperamento é inato, é um produto da natureza. Pode ajudar no desenvolvimento de algumas virtudes e impedir outras. Fortalecemos nosso caráter através da prática habitual de hábitos morais saudáveis, chamados virtudes éticas ou morais. As virtudes imprimem caráter em nosso temperamento, de modo que este já não nos domina. Se me faltam virtudes, serei um escravo de meu temperamento. As virtudes regulam o temperamento’.
Assim, as virtudes deixam de ser assunto antiquado, do jargão religioso do universo cristão-católico, e se tornam o segredo do sucesso de quem quer ser líder e bem sucedido na vida! A conjugação caráter e virtudes formam um verdadeiro líder, capaz de tornar o mundo melhor ao redor de si.
Será que alguém tem dúvida que na vida dos CEOs das grandes corporações empresariais deste mundo há a exigência de muita disciplina, prudência, coragem, dedicação? Segundo Alexandre Havard ‘os líderes têm de ser virtuosos para serem líderes reais. A virtude é um hábito que se adquire com a prática. As virtudes são mais que simples valores, as virtudes são forças dinâmicas’. Ou seja, os líderes não nascem líderes, eles se fazem líderes. As virtudes não tomam o lugar da competência profissional, mas são parte desta. As virtudes têm tudo a ver com a realização do ser humano e menos a ver com ‘exercício de piedade subjetivo’. Digo isso pensando nos milhares de leigas e leigos consagrados a Deus na Igreja, ao redor do mundo, que são convidados a exercitar as virtudes em todas as áreas nas quais vivem e atuam, sendo verdadeiras testemunhas do Evangelho!
Este empreendedor, Alexandre Havard, idealizou um programa executivo intitulado
‘Liderança virtuosa’, que converte as virtudes clássicas como base para a excelência pessoal e profissional. Ele lista as seis principais virtudes de um candidato a líder. São elas: ‘a magnanimidade para lutar por coisas grandes e propor desafios a si mesmo e aos demais; a humildade para superar o egoísmo e acostumar-se a servir aos outros; a prudência para tomar decisões justas; a valentia para manter-se e resistir a todo tipo de pressões; o autocontrole para subordinar as paixões ao espírito e ao cumprimento da missão, e a justiça para dar a cada um o que merece’.
Caráter. Escolhas. O que ser. O que não ser. Liderança. Formação. Influência. Virtudes. Exercício das virtudes. De tudo isso falamos um pouco neste artigo. Acima de tudo, porém, apontamos para a liberdade que temos de construir e modificar a cultura e o mundo que nos cerca a partir da construção de nós mesmos! Este tema deve ser falado para os jovens, alunos, universitários, sobrinhos e filhos nossos, estejam eles ou não no Projeto Juventude e nas Pastorais. Viver as virtudes, exercitar o autodomínio é sinônimo de realização e santidade e não de negação e frustração! E saber isso, buscar viver assim é dom, é graça de Deus e, seguramente, a Sua vontade para cada um de seus filhos e filhas. Nosso chamado: sermos líderes e formarmos líderes para o bem e para a paz, que é o que todos desejam, mesmo que essa nossa liderança, pelo exercício das virtudes, atinja um universo de ação e de atuação bem restrito e discreto.
Terminamos com as palavras do autor que nos diz: ‘Vício ou virtude? Depende de nós. A virtude implica e depende da liberdade. Não se pode forçar, é algo que escolhemos livremente. Se as praticamos assiduamente, o caminho para a liderança está aberto. A liderança começa quando usamos nossa responsabilidade livremente. Virtude vem do latim ‘virtus’ e exprime força ou poder. A capacidade de dizer ‘não’ nos confere um grande poder. Somos livres para decidir até que ponto deixamos que a cultura atual nos afete. Escolhemos livremente ser o que somos’.
 Que escolha você faz?

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