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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ser feliz, que felicidade!


[/ Retirado Blog http://rapaduraespiritual.blogspot.com por Padre Marcos/]
Só por hoje me sentirei feliz com a certeza de ter sido criado para ser feliz não só no outro mundo, mas também neste.
Eis aí um ponto de grande importância: somos chamados à felicidade. Por mais que isso pareça uma utopia, algo distante, muito idealismo, coisa vaga e “romântica”, é o nosso chamado e para isso fomos criados. O sofrimento do tempo presente não pode impedir a realização deste chamado. "As tribulações do tempo presente não têm proporção com a glória que há de vir" (Rm 8, 18). Paulo é quem diz isso. Entretanto, é bom lembrar o seguinte.... existe felicidade e existe felicidade! O que é ser feliz? O que significa ser um alguém realizado, contente, um indivíduo que atingiu suas metas? Será isso felicidade? Bem, parece-me importante constatar que a pessoa humana nunca está satisfeita plenamente com tudo. Tem sempre algo que nos deixa descontentes, incompletos, insatisfeitos,...,, como se nos faltasse algo. Percebe-se que na vida de não poucas pessoas que eu encontrei por aí é exatamente isso que acontece. E as pessoas buscam ser felizes, buscam intensamente a felicidade. E onde ela está? Em que ela consiste?

A mentalidade das pessoas atualmente, alimentada pela mídia, pelas correntes de pensamento, pela convivência com os outros, pelas várias ideologias, linhas filosóficas e sistemas econômicos acabam divulgando a idéia que a felicidade consiste em tanta coisa e precisa-se de tanta coisa para ser feliz. Por isso, muito dinheiro e muitas posses (bem como tudo o que o dinheiro puder financiar ou adquirir), uma saúde de ferro, uma beleza que entre nos padrões do fascínio e da sedução, gozar de todos os prazeres que a vida oferece (sem freios e sem princípios), a fama e a projeção, ser amado e estimado por todos ou por muitos, pelo menos, ter muito conhecimento, muitos títulos acadêmicos e ser bem sucedido, subir no topo, na liderança, no comando, e por aí vamos. A lista é até grande. Mas, no fundo, se as pessoas pararem, colocarem-se diante de si mesmas, da própria verdade, irão perceber que há um vazio, uma ausência, algo incompleto, tudo isso não está à altura de satisfazer um desejo de infinito que há no coração humano. Daí vem o brilhante pensamento de uma das inteligências mais brilhantes que a humanidade tem notícia: AGOSTINHO DE HIPONA. Esse grande bispo e doutor da Igreja que morreu no século V, deixou-nos uma rica reflexão sobre a felicidade. O coração inquieto deste homem não deixou de constatar, após ter provado de tudo, que não há felicidade fora da plenitude que só Deus é capaz de oferecer.  Disse ele: “E quer louvar-te o homem (...). Tu o incitas para que sinta prazer em louvar-te; fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti”. Isso mesmo Filoteu, o coração humano está inquieto e não descansará a não ser em Deus, fonte de todo bem, beleza eterna e verdade plena. Mas, tem muita gente boa que no passado e se não cuidar até no presente, pensa que para seguir, servir a amar a Deus é preciso ser triste, que a vida é uma tribulação sem fim e a nossa sina é a tristeza e desgosto do tempo presente, de modo que a felicidade só existirá no céu. Acho que aqui entramos no perigoso e escorregadio terreno de uma tristeza que tem mais cara de frustração e falta de consciência do que significa ser cristão. Será que não são os que se sentem meros cumpridores de regras e obrigações, ao invés de filhos livres e felizes partilhando das riquezas da casa do Pai?
A alegria verdadeira não consiste em ficar rindo o tempo todo. Tem vezes que certa gaiatice e certos tipos alegróides podem até estar escondendo alguma coisa. Mas, as alegrias verdadeiras levam as pessoas a serem serenas, bem humoradas, claro, centradas, mas nunca melancólicas e azedas. A felicidade de fazer o bem e de viver na amizade com Deus é algo que só experimenta quem vive com profundidade esse projeto de plena realização. Por isso, São Felipe Neri dizia: “Pecados e melancolia estejam longe da minha casa”. E Santa Teresa de Jesus deu um cutucada a respeito: “Ó Senhor livra-nos das tolas devoções dos santos da cara triste!”. São Francisco de Assis quando via um frade triste ou mandava comer alguma coisa ou mandava se confessar, pois para ele tristeza é sintoma de pecado ou de fome (ou as duas juntas, o que é pior!).
Claro, é bom reconhecer que a felicidade a ser vivida no tempo presente é sempre limitada. Nunca é plena, é sempre imperfeita, pois somente na felicidade da contemplação do rosto de Deus na bem-aventurança celeste é que tudo será sem fim e infinito. É bom não se iludir e parar de querer que as pessoas sejam perfeitas, que as coisas também e que tudo aconteça as mil maravilhas sempre. Não estamos no país das maravilhas e não somos aquela Alice do conto de fadas. Pois isso:
Corações ao alto e pés no chão! Também porque corações abaixo e pés pro alto é marmota!
Um abraço para ti, Filoteu e que Deus te faça verdadeiramente feliz.

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Não quero ter senão somente a Deus!

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