Todos nós, não
importa a idade, nos sentimos atraídos pela aventura e por correr algum risco.
Tem aqueles que saltam de metros de altura com apenas uma corda amarrada à
cintura ou que descem rios caudalosos numa embarcação um tanto quanto
precária... Mesmo aqueles que não gostam de esportes radicais muitas vezes
gostam de se arriscar em um brinquedo do parque mais emocionante ou até mesmo
fazendo um investimento um pouco arriscado.
Talvez tenha
sido essa atração à aventura, tão inerente a nós homens, que levou Santa Teresa
Benedita da Cruz, mais conhecida por Edith Stein, a dizer que “responder o
chamado de Deus é uma aventura, e vale a pena correr esse risco”. Talvez poucas
definições de “vocação” sejam tão precisas quanto esta! Ser chamado por Deus e
responder a esse chamado é viver uma aventura, com tudo o que esta tem direito.
E não diria só uma aventura, mas A aventura!
Responder a esse
chamado é olhar para frente e ver uma via desconhecida e incerta a ser
percorrida. Ter o coração preenchido de uma alegria inexplicável e de um
ardente desejo de percorrer esse caminho novo, mesmo que tantos já nos tenham
alertados dos perigos que ele traz (São João da Cruz nos fala das feras, dos
fortes e das fronteiras, Santa Teresa das “sevandijas”, entre outros...). É perceber
que suas pernas balançam e vacilam antes de dar o primeiro passo e sentir um
friozinho na barriga ao iniciar a caminhada. É se alegrar, se maravilhar, com
as belas paisagens descobertas ao longo da estrada (penso naqueles que, pelo
sim que damos a Deus, têm as vidas transformadas por Ele, as quais podemos ou
não contemplar), tanta coisa que nunca esperávamos ver, nem sabíamos que
existia!
Mas como
qualquer aventura, responder a Deus é também sentir o cansaço da longa jornada,
do sol a queimar a nossa fronte. É se molhar com a chuva inesperada, se ferir
com as pedras e galhos do caminho, tropeçar e até mesmo cair. E quantas quedas!
É muitas vezes ter vontade de desistir, de se lembrar do conforto da sua casa,
olhar para a frente e se perguntar se vale mesmo a pena continuar.
É a própria
Edith Stein que garante que vale, sim, a pena prosseguir, seja qual for o
risco. Ela é testemunha, assim como muitos outros santos que, também ouvindo a
voz de Deus que os chamava, se colocaram a caminho e atingiram o cume deste
monte que escalamos dia após dia. É interessante que Edith Stein era carmelita
(monja de vida contemplativa) e morreu mártir num campo de concentração, e
ainda assim, teve a coragem de atestar o quanto vale a pena seguir a Deus.
Mais ainda do que
estes que nos dão testemunho, é o próprio Deus que nos garante que vale a pena
correr todos esses riscos e quaisquer outros. Vale a pena, porque nesse caminho
nós somos amadurecidos por Ele, somos sustentados pela sua Providência, que
nunca se deixa faltar e que nos dá mais do que pedimos ou pensaríamos pedir,
somos purificados de nossos pecados e podados em nossas imperfeições e
porque a nossa meta é a felicidade sem fim, a santidade. Enfim, vale a pena
porque o prêmio é o próprio Jesus Cristo, a pérola preciosa, o tesouro
escondido no campo.
Muitos são os
aventureiros que a cada dia escutam a voz do Senhor a interpelá-los e recebem
dele a graça de corresponder a essa voz, que chama e capacita a responder. E
então? Não quer você também correr esse risco?
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