Estamos entrando na Quaresma. É…mais uma quaresma, à qual uma grande parte dos batizados permanece indiferente. Mais quarenta dias que passam iguaizinhos aos outros exceto, talvez, por uma observação cansada: “Lá vai a gente ter de comprar ovos de páscoa outra vez.”
Preciso de sua ajuda. Veja bem: no natal, tem toda aquela questão de consumismo, de apelo emocional, de propaganda enganosa, de prestações a pagar no ano seguinte, mas, pelo menos, se faz barulho, se faz estardalhaço. Sabe-se, bem ou mal, adequada ou inadequadamente, que alguma coisa está para acontecer. Um menino – que a grande maioria não conhece direito, está para nascer e alguns de boa vontade fazem a infalível novena de natal nos prédios, nas famílias. Melhor que nada, embora muito pífio para o meu gosto.
Na quaresma, o que temos? Silêncio. Temos, é verdade, a campanha da fraternidade que fala da fraternidade a que se propõe. Muito justo. Mas, onde é mesmo que se fala explicitamente de Jesus, de Deus, do Pai de Amor? Qual é mesmo o meio que se utiliza para se dizer que aqueles quarenta dias são dias de purificação, de reflexão, de união ao sofrimento, morte e ressurreição de Jesus revivido hoje de tantas formas em tantos dos membros do seu corpo? Onde é mesmo que se diz que alguém se entregou por nós, que morreu por nós, que sofreu por nós? Como é mesmo que se diz que este tipo de amor ainda existe e é o que deve ser recordado e vivido nestes 40 dias? Nas homilias se fala a valer. Mas os que estão lá dentro da Igreja têm pelo menos uma noção do que se passa. E os que estão fora? Como chegar a eles?